Archive for dezembro, 2010

04/12/2010

Escola deve indenizar mãe de criança mordida por colega em parquinho

O TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal) decidiu manter a sentença do juiz de primeiro grau que condenou  instituição de ensino ligada à Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário a indenizar em R$ 1.500 a mãe de aluna que foi mordida no parquinho da escola. A pena não se refere à mordida, dada por outra criança, mas à consideração de que houve vício na prestação de serviço e dano moral passível de reparação.

Ao chegar à escola para buscar a filha de dois anos, a mãe recebeu a notícia de que a menina teria caído no parquinho, o que teria provocado ferimentos em sua face. Grampeado na agenda da criança, havia bilhete reiterando a versão da queda. No dia seguinte, quando a mãe retornou à escola para exigir mais explicações sobre o que realmente havia acontecido, a versão foi retificada. Explicaram então à mãe que a lesão havia sido provocada pela mordida de uma criança da mesma faixa etária.

A mãe resolveu entrar com processo solicitando indenização por danos morais. Em exame de corpo de delito, ficou comprovada a presença de “esquimoses causadas por mordeduras”.

Decisão

A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do TJ-DF dividiu a análise do pedido em duas partes. A primeira referindo-se à mordida propriamente dita, pela qual afastou toda a responsabilidade da escola, posto que “é natural que ocorram pequenas brigas e desentendimentos” entre crianças pequenas.

A segunda parte diz respeito ao que aconteceu quando a mãe foi buscar a filha na escola. Nesse caso, as diferentes versões apresentadas acerca da lesão sofrida pela criança, a ausência de mais esclarecimentos sobre o ocorrido e a falta de atendimento pessoal por parte da própria professora responsável pela menina, que já havia se retirado da escola no momento do incidente, caracterizaram vícios na prestação de serviço, passíveis de reparação por danos morais.

Em recurso, a mãe pediu majoração do valor da indenização e a escola alegou ilegitimidade ativa. Ambos foram negados por unanimidade.
Fonte: Última Instância
01/12/2010

Hackers: Filmes desmentem estereótipo divulgado pela mídia

Estereótipo do hacker

Normalmente, quando ouvimos a palavra hacker, imaginamos um adolescente problemático, passando horas à frente de um monitor de computador, teclando com a destreza de um funcionário de cartório e sempre tentando quebrar algum sistema de segurança.

Mas este é apenas um dos lados da história: esses são os chamados hackers do “lado escuro” da Força.

Existem também os hackers que estão do “lado da luz”, tão hábeis em computadores quanto seus colegas mais revoltados, mas que se divertem em compreender os meandros da informática em busca de novos aprendizados.

Hacker versus cracker

A rigor, hacker é um termo que nasceu para designar esse pessoal do bem, enquanto o termo cracker designaria a turma do lado escuro.

Mas o mau uso dos termos pela imprensa já fez o seu trabalho de desinformação, e agora é virtualmente impossível alterar o significado das palavras já incorporado pela população.

Essa ambiguidade resulta em confusão sobre o que os hackers fazem e o que os motiva.

Na tentativa de esconder os próprios erros, a imprensa geralmente aponta os filmes como os grandes culpados pela criação dessa visão negativa dos hackers.

Mas será que os filmes têm realmente culpa?

Hackers nos filmes

O professor Damian Gordon, do Instituto de Tecnologia de Dublin, na Irlanda, não está tão certo disso. Munido de pipoca suficiente, ele se debruçou sobre filmes de ação dos últimos 40 anos para descobrir como os hackers, crackers e outras categorias de infomaníacos são retratados nas telonas e nas telinhas.

Os resultados são muito interessantes.

Gordon analisou os personagens e as tramas de filmes de ação – não-documentários – a partir de 1968, do clássico A Máquina dos Milhões, de Peter Ustinov, a Duro de Matar 4, Independence Day e Matrix.

No total, Gordon selecionou 50 filmes nos quais um personagem essencial para a trama está envolvido com o “uso avançado da informática” – o chamado hacking, que só pode ser definido como aquilo que os hackers fazem.

Na lista estão 8 filmes especificamente sobre hackers, 5 sobre roubos, 18 com participações heroicas do infomaníaco, 15 de ficção científica e 4 sobre tramas da vida real. No conjunto, havia 60 personagens que atendiam aos requisitos para serem chamados de hackers.

21 hackers foram retratadas como tendo 25 anos de idade ou menos, 37 hackers foram retratadas na faixa entre 25 e 50 anos, e apenas 2 já haviam atingido a idade da sabedoria-hacker, com idades de 50 e 75 anos.

Do ponto de vista da ocupação, 19 personagens hackers trabalhavam na indústria de informática, 17 eram hackers em tempo integral, 12 eram estudantes e 12 eram hackers de meio-período, tendo outras profissões.

Moral Hacker

Mas a estatística mais reveladora surge quando se olha a mensagem moral que os filmes passam sobre os hackers: 44 hackers (73%) são do bem e apenas 10 (17%) são do mau.

A conclusão do pesquisador vai muito além de uma análise da arte ou de uma crítica de cinema.

Segundo ele, o estereótipo do hacker que agora já permeia a cultura popular é extremamente deletério e danoso e pode até mesmo cegar os políticos e outros tomadores de decisão para as verdadeiras ameaças para a segurança dos sistemas de informática e de comunicações.

O preconceito pode ainda reduzir os níveis de alfabetização científica e aprendizado da informática, impondo limites muito estreitos para os níveis de conhecimento que as próprias pessoas se imporão sob o risco de serem vistas como profissionais bisbilhoteiros, “perigosos” e até “do mal”.

Educação jornalística

Quanto à cobertura da imprensa sobre o assunto, fica evidente a partir da análise de Gordon que a imagem do hacker presente na cultura popular, como sendo um adolescente esquisito fechado em seu quarto, não está sendo gerado a partir dos filmes.

“Na verdade, a maioria dos hackers que aparecem nos filmes são caras bons, entre 25 e 50 anos, que trabalham na indústria da computação ou são hackers em tempo integral,” diz o pesquisador.

Isto corresponde à definição que os hackers fazem deles próprios, e não ao estereótipo popular. Segundo Gordon, isto pode ajudar a comunidade dos hackers boa-gente a varrer o estereótipo para baixo dos jornais velhos.

Bibliografia:
Forty years of movie hacking: considering the potential implications  
of the popular media representation of computer hackers from 
1968 to  2008
Damian Gordon
International Journal of Internet Technology and Secured Transactions
January 2010
Vol.: 2 - Issue 1/2 - pp. 59
DOI: 10.1504/IJITST.2010.031472