Archive for outubro, 2011

29/10/2011

Resumo das novas regras da Língua Portuguesa

Resumo das novas regras da Língua Portuguesa

28/10/2011

Revisão de Processo Civil (Renato Montans)

JURISDIÇÃO

Independentemente das discussões doutrinárias, jurisdição é o poder do Estado em dirimir conflitos de interesse. A jurisdição civil é dividida em dois grandes grupos: contenciosa e voluntária.

Na contenciosa: há lide, os integrantes denominam-se partes, a atividade é substitutiva (pois o Estado substitui as vontades em conflito), qualquer tipo de sentença pode ser proferida (condenatória, constitutiva, declaratória, executiva e mandamental), faz coisa julgada e após seu término caberá rescisória.

Na voluntária: não há lide, é composta por interessados, a atividade é integrativa (o Estado integra um acordo de vontades), a sentença é homologatória, NÃO FAZ coisa julgada e após o trânsito em julgado caberá ação anulatória.

 

CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO:

INAFASTABILIDADE – o judiciário não pode deixar de dirimir conflitos (CF, 5, XXXV) e mais:

não pode deixar de julgar sobre o argumento de que não há lei que regulamente o caso concreto (art. 126, CPC). Deve se socorrer de analogia, costumes e princípios gerais do direito

JUIZ NATURAL – é o juiz previamente investido no cargo, sendo vedados tribunais de exceção. Quer dizer: não se pode “designar um juiz” ou criar um tribunal para julgar uma causa após o fato. Constitui uma garantia muito próxima da imparcialidade.

IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ – aquele que colhe a prova deverá julgar. A lei confere uma vinculação ao juiz que presidiu a audiência de instrução em proferir a sentença. Claro que ele não está vinculado se POR QUALQUER MOTIVO se desligar daquele juízo (morte, afastamento, promoção, etc.)

INÉRCIA – o Estado somente age quando provocado (2 e 262). Para o exame uma exceção – inventário (art. 989). Lembrem-se que o juiz poderá produzir provas de oficio (130).

IMPARCIALIDADE – isenção do julgador. A lei prevê abstratamente situações em que o juiz, uma vez enquadrado na hipótese previamente traçada não poderá julgar. São os casos de impedimento e suspeição.

Vocês JÁ SABEM a diferença entre eles?

– Se puder provar de plano que o juiz não poderá julgar, o caso é de impedimento.

– Se demandar dilação probatória, o caso é de suspeição. Ex. Mulher do juiz uma das partes. (certidão de casamento),

Agora juiz inimigo das partes (há certidão de inimizade? não então é suspeição).

 

COMPETÊNCIA

É o limite da jurisdição. É a distribuição aos órgãos judiciários de suas funções. Perguntas que podem cair na prova (certeza):

Critérios de competência: material (matéria), funcional (para o exame apenas hierarquia), territorial (socorro), valor da causa (socorro!)

Material e funcional a competência é absoluta e as outras, relativa. Numa visão bem simplista, o juiz é incompetente porque o advogado do autor ERROU. Errou, pois não observou as regras legais acerca da competência.

Se o erro dele foi grave (errou matéria e hierarquia) a incompetência é absoluta. Se não foi tão grave a incompetência é relativa.

Explico: a incompetência absoluta é uma grave doença e, portanto serão necessários remédios fortes para debelar essa patologia. Já a relativa é quase uma rinite alérgica, basta uma aspirina.

Então veja: na incompetência absoluta o juiz pode se declarar de ofício (art. 113), a parte pode alegar em preliminar de contestação e se quiser a qualquer momento, até em rescisória (art. 485, II), e as partes não podem DERROGAR (abrir mão), ou seja, as partes não podem modificar a competência material e funcional. JÁ NA RELATIVA, o juiz não pode conhecer de ofício (s. 33, STJ). Assim, se a parte não se manifestar com a medida legal (exceção de incompetência) PRORROGA-SE a competência (114).

Exceção? always…

art. 112, parágrafo. único – contrato de adesão em que se verificar a abusividade da cláusula de eleição de foro na incompetência relativa o instrumento é a exceção de incompetência no prazo de 15 dias e as partes podem derrogar (ex. foro de eleição).

Cuidado: nos juizados especiais federais e juizados especiais da Fazenda Pública, a despeito do critério principal ser o valor (60 s.m) nesses dois casos as partes NÃO PODEM DERROGAR, pois de acordo com a lei a regra é absoluta

LITISCONSÓRCIO

Cumulação subjetiva no mesmo processo. Há 2 (dois) bons motivos:

economia processual (óbvio) e evitar decisões conflitantes, existe um poder para que o magistrado possa limitar o número de participantes no polo ativo ou passivo: denomina-se MULTITUDINÁRIO. Assim, se o juiz verificar que o numero de litigantes é excessivo (e isso é uma atividade subjetiva) poderá LIMITAR o número de partes

Classificação do litisconsórcio: vou falar da classificação tradicional, mais usada no exame.

Quanto à posição o litisconsorte pode ser ATIVO, PASSIVO ou MISTO. Já caiu misto na prova e nada mais é do que NO MESMO PROCESSO haver mais de um autor e mais de um réu

Quanto ao momento – poderá ser inicial (quando formado na PI) ou ulterior (quando formado incidentemente, ex. chamamento ao processo). (Quando você chama ao processo voce traz os demais coobrigados que formam com voce um litisconsórcio ULTERIOR)

Quanto à uniformidade ele pode ser UNITÁRIO (regra), quando a decisão deverá ser igual para todos ou SIMPLES quando o juiz poderá decidir de maneira diferente (ex. usucapião decide diferente para os vizinhos e para o proprietário, mas todos são réus).

Quanto à obrigatoriedade: poderá ser facultativo (quando não houver imposição) ou necessário (quando a lei ou a natureza da relação jurídica determinar). É importante que vocês leiam o art. 47, nele há uma passagem muito interessante: a lei diz COM TODAS AS LETRAS que todo LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO É UNITÁRIO. Leiam, mas essa regra não é absoluta. REALMENTE não sei como a OAB vai perguntar para vocês, mas EM PRINCÍPIO tomem como regra que sempre que litisconsórcio for necessário SERÁ TAMBÉM UNITÁRIO.

Uma última questão (que POR SINAL caiu na prova passada). O ato praticado por um litisconsorte atinge aos demais que não praticaram?

Depende a natureza do litisconsórcio: se for simples, a decisão NÃO PRECISA ser igual para todos, logo… O que um pratica NÃO ATINGE aos demais. Agora, se for unitário, depende do ato. Se o ato for positivo (ato que ajuda ex. recurso, defesa) comunica as demais. Assim aquele que não se defendeu NÃO SERÁ REVEL. Mas se o ato for negativo (tipo o Mazza) ninguém será prejudicado, NEM MESMO QUEM PRATICOU.

Assim se alguém estiver dentro de um litisconsórcio unitário e quiser confessar (ato negativo) não poderá, pois o ato será ineficaz.

Vamos falar um pouco de sentença e coisa julgada? 

Sentença é o ato do juiz que implica em alguma das hipóteses do art. 267 ou 269. A sentença poderá ser com mérito ou sem mérito. Como identificar na prova? (sabendo que a OAB costuma perguntar com frequência). Simples: verifique se DE ALGUMA FORMA colocou fim ao conflito. Se sim, com mérito, se não, sem mérito. É importante entender que resolução é expressão mais ampla que julgamento. Assim, nem só quando o juiz julga encerra o processo com mérito.

A sentença é composta de 3 (três) partes: relatório (resumo do processo) fundamento (motivação da decisão) e dispositivo (conclusão).

No JEC não necessita de relatório. Por quê? Porque sim.

 

A fundamentação poderá ser per relationem (pega emprestado de outra decisão do mesmo processo ou de outro dispositivo é a decisãoem si. Ofamoso Isto posto..

Pelo princípio da congruência ou adstrição nenhum juiz pode julgar extra, ultra ou infra petita. Infra (ou citra) ocorre quando o juiz julga MENOS do que você pediu (diferente de parcialmente procedente), ultra ocorre quando ele concede mais, portanto ele EXAGERA e extra ocorre quando ele concede algo diverso, portanto ele MODIFICOU o pedido.

As sentenças podem ser declaratórias, condenatórias, constitutivas, mandamentais e executivas.

DECLARATÓRIAS objetivam apenas declarar a existência ou não de uma relação jurídica ou decretar a autenticidade (ou não) de um documento.

CONSTITUTIVAS objetivam criar, modificar ou extinguir uma relação. Diferem das declaratórias pela eficácia: estas ex nunc, aquelas ex tunc.

CONDENATÓRIAS exigem uma prestação. Decorrem do inadimplemento. As sentenças condenatórias dependem de posterior processo de execução.

MANDAMENTAIS tem um plus (desculpem, inglês do sul de Minas, depois traduzo pra vocês) em relação às condenatórias elas não apenas condenam, mas também MANDAM o cumprimento. Nas condenatórias exorta o credor a executar (que ele pode ou não) nas mandamentais se o devedor não cumprir, o pau come. O juiz pode de ofício determinar o cumprimento da obrigação as executivas tem algo parecido com a mandamental, mas NORMALMENTE são usadas para entrega de coisa, enquanto as mandamentais para fazer ou não fazer.

Coisa julgada – objetiva tornar imutável fora do processo àquilo que foi decidido dentro dele será formal quando a imutabilidade atingir SOMENTE O PROCESSO (ocorre nas extinções sem mérito) será material quando atingir NÃO SÓ O PROCESSO MAS TAMBÉM O PRÓPRIO DIREITO (ocorre nas extinções com mérito).

A diferença está na possibilidade de se (re) propor a demanda. Na formal pode, na material não há exceção? Sim aborígene. As sentenças do art. 267, V (perempção, litispendência e coisa julgada) extinguem SEM MÉRITO mas NÃO AUTORIZAM A (RE) PROPOSITURA.

A coisa julgada tem limites: os limites subjetivos dizem quais os sujeitos (olha é por isso!) serão atingidos. E somente as partes.

A doutrina e jurisprudência colecionam uma SÉRIE de exceções, mas para exame só a que está na lei no art. 472 (as ações de estado).

Limites objetivos: APENAS O DISPOSITIVO da sentença fará coisa julgada. Logo, fundamentação e relatório não. A expressão fundamentação pode vir na prova com os nomes “verdade dos fatos”, “motivos”, “questões prejudiciais”, “razões”… PRESTEM ATENÇÃO: se cair qualquer uma dessas expressões lembre-se que não faz coisa julgada. Porque a lei não quis (469), “mas como a verdade não faz coisa julgada?”. Não respondo. Há uma exceção no art. 470 leia, leia e decore (mas não tente entender), não faz coisa julgada em: jurisdição voluntária, processo cautelar, processo administrativo e decisões de urgência (tutela antecipada, p ex).

Fonte: Renato Montans
13/10/2011

Novos recursos do iOS 5, da Apple… Transferindo…

Esta atualização contém mais de 200 novos recursos, incluindo:

•    Notificações:
◦    Com a Central de Notificações, basta passar o dedo de cima para baixo em qualquer tela para ver as notificações em um só lugar.
◦    As novas notificações aparecem por breves instantes na parte superior da tela.
◦    Agora é possível ver as notificações até mesmo quando a tela está bloqueada.
◦    Quando a tela estiver bloqueada e houver uma notificação sendo exibida, arraste o ícone do aplicativo para a direita para ir diretamente ao respectivo aplicativo.
•    iMessage:
◦    Permite o envio e o recebimento ilimitados de mensagens de texto, fotos e vídeos entre os usuários do iOS 5.
◦    Acompanhe o estado de suas mensagens com os recibos de entrega e leitura.
◦    Mensagens para grupo e criptografia segura.
◦    Funciona via rede celular e Wi-Fi*
•    Banca:
◦    Organiza automaticamente as assinaturas de revistas e jornais na Tela de Início.
◦    Mostra a capa da edição mais recente.
◦    Transferências de novas edições em segundo plano.
•    Lembretes para administrar listas de tarefas:
◦    Os lembretes são sincronizados com o iCloud, o iCal e o Outlook.
◦    Agora você pode usar lembretes que são acionados com base em sua saída ou chegada a um lugar específico (para iPhone 4S e iPhone 4).
•    Suporte integrado para Twitter:
◦    Basta iniciar a sessão uma vez nos Ajustes para poder enviar seus tuítes diretamente dos aplicativos Câmera, Fotos, Mapas, Safari e YouTube.
◦    Adicione uma localização a qualquer tuíte.
◦    Você pode ver nomes de usuários e fotos de perfis do Twitter no aplicativo Contatos.
•    Melhorias do aplicativo Câmera (para dispositivos que dispõem de câmeras):
◦    Pressione duas vezes o botão de início quando o dispositivo estiver em repouso para exibir um atalho da câmera no iPhone 4S, iPhone 4, iPhone 3GS e iPod touch (4ª geração).
◦    O botão de aumento de volume também pode ser usado para tirar fotos.
◦    Linhas de grade opcionais para ajudar você a alinhar o enquadramento de suas fotos.
◦    Toque a tela com dois dedos e separe-os para ampliar a tela de pré-visualização.
◦    Para passar da tela de pré-visualização para o rolo da câmera, basta passar o dedo na tela da esquerda para a direita.
◦    Toque e mantenha o dedo na tela por alguns segundos para bloquear o foco e o nível de exposição. O iPad 2 e o iPod touch (4ª geração) apenas oferecem suporte para o bloqueio do nível de exposição.
•    Melhorias para fotos (em dispositivos que dispõem de câmera):
◦    Agora você pode recortar e girar fotos.
◦    Eliminação de olhos vermelhos.
◦    Fotos melhoradas com apenas um toque.
◦    Organize suas fotos em álbuns.
•    Melhorias do aplicativo Mail:
◦    Aplique formatos ao texto usando fontes em negrito, itálico ou sublinhadas.
◦    Controle de recuo.
◦    Arraste os nomes para reorganizá-los nos campos de endereço.
◦    Sinalize mensagens.
◦    Marque um grupo de mensagens como sinalizadas, lidas ou não lidas.
◦    Personalize os sons de alerta de e-mail.
◦    S/MIME
•    Melhorias do aplicativo Calendário:
◦    Visualização por ano no iPad e a nova visualização por semana no iPhone e no iPod touch.
◦    Toque para criar um evento.
◦    Visualize e adicione anexos de eventos.
•    Melhorias do aplicativo Game Center:
◦    Use fotos pessoais em sua conta do Game Center.
◦    Compare your overall achievement scores with your friends
◦    Encontre novos amigos no Game Center com as recomendações de amigos e de amigos dos amigos.
◦    Descubra novos jogos com as recomendações personalizadas de jogos.
•    Espelhamento via AirPlay para iPad 2 e iPhone 4S.
•    Gestos multitarefa para o iPad:
◦    Toque a tela com quatro ou cinco dedos e junte-os para ir para a Tela de Início.
◦    Passe o dedo para cima para exibir a barra multitarefa.
◦    Passe o dedo para a esquerda ou direita para passar de um aplicativo para outro.
•    Configuração e ativação no próprio dispositivo com o Assistente de Configuração.
•    Atualizações de software disponíveis via conexão sem fio e sem conectar o dispositivo ao computador com um cabo.
•    Suporte para iCloud:
◦    iTunes na Nuvem.
◦    Compartilhar Fotos.
◦    Documentos na Nuvem.
◦    Transferência automática de aplicativos e livros e histórico de compras.
◦    Backup.
◦    Contatos, Calendário e Mail.
◦    Buscar iPhone.
•    Aplicativo Música com design renovado para iPad.
•    Previsão do tempo de hora em hora.
•    Cotações de ações em tempo real.
•    Sincronização sem fio com o iTunes.
•    Melhorias do teclado:
◦    Divisão do teclado para iPad.
◦    Correção automática com maior precisão.
◦    Digitação melhorada para caracteres chineses e japoneses.
◦    Novo teclado Emoji.
◦    Dicionário pessoal para correção automática.
◦    Criação opcional de atalhos de teclado para palavras de uso frequente.
•    Melhorias de acessibilidade:
◦    Acionamento opcional do flash ao receber ligações telefônicas e alertas (para iPhone 4S e iPhone 4).
◦    Padrões de vibração personalizados para ligações recebidas no iPhone.
◦    Nova interface para o uso do iOS com dispositivos de digitação especiais para usuários com dificuldades motoras.
◦    Opção para fazer com que o dispositivo fale um texto selecionado em voz alta.
◦    Criação de elementos personalizados para o VoiceOver.
•    Melhorias para o Exchange ActiveSync:
◦    Sincronize tarefas via conexão sem fio.
◦    Marque mensagens como sinalizadas, lidas ou não lidas.
◦    Suporte off-line melhorado.
◦    Salve um novo contato de um serviço GAL (lista de endereços global).
•    Mais de 1500 novas APIs (interfaces de programação de aplicativos) para desenvolvedores.
•    Correções de erros.

Produtos compatíveis com esta atualização de software:
•    iPhone 4S
•    iPhone 4
•    iPhone 3GS
•    iPad 2
•    iPad
•    iPod touch (4ª geração)
•    iPod touch (3ª geração)

* As operadoras podem cobrar as tarifas habituais pelo uso da conexão de dados. Quando o iMessage não estiver disponível, as mensagens serão enviadas como SMS (o envio de mensagens SMS é cobrado pelas operadoras).

10/10/2011

Você tem que encontrar o que você ama – Steve Jobs

Transcrição completa do discurso de Steve Jobs na Universidade de Stanford, em 2005.

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Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos.

Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.

Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles disseram: “É claro.”

Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.

Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.

Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.

Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.

Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.

Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.

De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.

E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.

Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício].

Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.

A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.

E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.

Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.

Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.

Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.

Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.

Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.

Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.

Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.

Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.

Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.

Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.

O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.

Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.

Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.

E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.

Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.

Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:

“Continue com fome, continue bobo.”

Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.

Obrigado.

04/10/2011

Que diria de passar um final de semana com um excluído?

…Então me diga
se você fosse eu?
(Que diria de passar um final de semana com um excluído?) *
Denival Francisco da Silva **
Mote
Constituição Federal: Art. 6o.
Art. 6o. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência scoial, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desemparados, na forma desta Constituição.
Convido-te para vir passar o final de semana comigo. Não basta um dia, porque é pouco para me conhecer direito. Não o levo para minha casa porque não tenho casa. Moro debaixo do viaduto donde escuto o barulho contínuo dos carros. Quem sabe você indo ou voltando do trabalho, para a família, para o encontro com amigos numa pelada ou num bar. Não terá como ver TV, mas poderá ontemplar a noite com suas luzes, e às vezes, quando não tem muito embaso, se vê a lua e algumas estrelas. Não poderá aproveitar um banho quente, mas vier a sentir frio poderá acender uma fogueira de madeira de construção.
Convido-te para almoçar comigo. Mas para isso temos que ir esperar a compaixão de alguém saindo de um restaurante com suas sobras as mãos, ou o final do turno quando o estabelecimento tem que desfazer dos restos. Quem sabe com sua presença possamos conseguir a atenção que me falta no meu dia-a-dia, quando a alimentação é uma incerteza certa. Convido-te para um dia de trabalho comigo. Não importa se hoje é sábado ou domingo, não tenho calendário para contar os dias. Vamos, agarre do lado do timão e vamos puxar esta carroça de papelão. É melhor começarmos pelo lado de lá porque na medida em que vai aumentando a carga fica difícil puxá-la ladeira cima. Aproveitemos que o sol se pôs e o trânsito diminuiu e as luzes nos postes foram ligadas. Vamos, temos muitas ruas a percorrer, muito lixo a revirar e uma longa noite a pelejar.
Convido-te para ir buscar uma moita na praça para fazer necessidade. Se bem que quem pouco tem no bucho, pouco ou nada tem a expelir. Mas sempre vem uma ânsia, uma comichão danada em forma de dor de barriga, ainda que ao final só saia peido. É necessário que sejamos discretos e ligeiros, para que ninguém nos acuse de ato obsceno ou de porco imundo. … Ah, papel? Apanhe um pedaço de jornal naqueles que recolhemos.
Convido-te a ver as pessoas indo e vindo sem nos notar. Poderá se sentir um objeto, um bicho, ou coisa alguma. As pessoas passam, oltam  não nos veem, por medo ou pura insensibilidade. Mas não fique parado no caminho porque poderá ser pisoteado ou chutado para o lado. Nem se acomode em frente de um estabelecimento comercial porque então te verão, e de nada adiantara dizer que não tinha intenção de assaltá-lo porque será recolhido no camburão.
Convido-te saber que eu existo, mesmo diante de tanta invisibilidade e indiferença. Não precisas dividir o que não tenho e vir experimentar este sentimento de segregação. Não precisas perder seu conforto, passar por situações vexatórias, humilhações e necessidades. Não te desejo nada disso. Convido-te, porém, a comparar nossa anatomia, fisiologia, nossa crença em Deus (ou descrença) e verificar se não somos iguais.
Convido-te a me dizer se deliro, se sonho, se ignoro ou se sou ignorado, e então me diga o que faria se você fosse eu?
* Do Livro: Poemas reconvencionais: inverso e reflexo das coisas. Denival Francisco da Silva. 2011
** Juiz de Direito em Goiânia (GO)